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*Blog Raul Machado: http://raulmachado.blogspot.com/


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Festival de Cinema Polonês

*No Paradigma Cine Arte

29 de Novembro – Segunda-feira
19h30 – Abertura
20h – A Festa de Casamento

30 de Novembro – Terça-feira
20h – O Jardim de Luíza

1º de Dezembro – Quarta-feira
20h – A Reserva

2 de Dezembro – Quinta-feira
20h – A Pequena Moscou

6 de Dezembro – Segunda-feira
20h – Garotas de Shopping
21h – Uma Árvore Mágica

7 de Dezembro – Terça-feira
20h – Quanto Pesa um Cavalo de Tróia?

8 de Dezembro – Quarta-feira
20h – General Nil

9 de Dezembro – Quinta-feira
20h – Ursinho

*O Paradigma Cine Arte fica na Rod. SC-401, km 8,9, Santo Antônio de Lisboa.

Conto, de Raul Machado

Os Estranhos Mundos de Luara


Ao largo do dia. Curto é o tempo. E a menina caminha. Como lombriga na barriga alheia.

Há vários sóis que iluminam o que não deve. E é logo a noite que acolhe a pessoa que te aperta a mão com um sorriso. O gato preto. Amigo.

Passos passeados continuam a desenhar nas calçadas frias as pistas para o amanhã criminoso. Segue a lua Luara! Teu lar é o luar? Como o vento que sopra tuas idéias suaves para o leste, para o mar. No cume da rua, a calma. A vista. Ainda vestida de sombras. A pessoa Luara respira. Pira. A cidade paira aos seus pés, como o chulé. Tudo para.

O escuro tem outro cheiro, diferente do cheiro do dia. Principalmente do amanhecer. E ela deixa seus pulmões cheios de escuridão.
Ufffffffffff. Fuuuuuuuuu. Fundo. Como o poço. Mas não triste fossa. Este talvez seja um poço de desejos. Como naquelas outras histórias.

E o que ela mais deseja agora é uma outra história.

Em frente às estrelas ela se vê de frente a um espelho, com contornos seus surgindo entre as constelações já rabiscadas. Do que parecia ser um espelho surge na verdade uma tela de televisão. Do seu lado um controle remoto. Aperta o 34. Záp!

34. Ela está em uma casa de madeira amarelada pela tinta e não pelo tempo, pelo sol, ou pelo suco de manga que se derramou no carpete da sala. Dois quartos e um banheiro lá no fundo. Casa pequena. Um homem feio surge de cueca, saindo do quarto e passa por ela sem cumprimentar. Um choro vindo do outro quarto traz agonia ao clima. Um bebê. E o homem bebe nervoso. Aperta 85.

85. Faz frio e o vento é forte. Voa o chapéu. Ninguém corre atrás dele. Não há mais ninguém por aqui. Longe alguns pescadores caminham com bandejas cheias. Estão levando a comida para algum porto. Seguro? Talvez até demais. Aperta o 01.

01. Risos. Uísque. Cheiro de pólvora. A calcinha está cheia de dólares. Um cara passa a língua nos bicos dos seios de Luara. Há três corpos ensangüentados no chão. O seu coração bate forte. Por reação. A ação! Luara afasta a boca de bigode e bafo de cigarros dos seus seios. Pergunta quem são os três porquinhos assados no chão. Os presuntos. Você faz perguntas demais moça! Cocaína. Um beijo nas suas coxas. Chute no queixo. O cara fica puto com a puta. Aponta a pica e a arma. Armaram pra você menina. Aperta. Aperta. Aperta o 00. Apertaram o gatilho. Gatinho preto amigo passa novamente. Piscadela. Pisca o cú. Medo.

00. E o infinito te espera. Desliga essa merda.

Um poço com fim no off. OFF. Ufa! Cospem-te. Tu cospes. Histórias. Cores. O dia. O dia inteiro.
Já não há mais noite em ti, Luara. Bom dia só(l).

Já caminhas novamente.
Ao largo do dia.
Como lombriga na barriga alheia.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Divulgações e Poesias de Raul Machado


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*Fundação Cultural BADESC abre duas exposições
O quê: conversa com os artistas e abertura das exposições "Linhas e Riscos Subterrâneos: entre o céu e a terra", de Janor Vasconcelos, e "Plástica", de Roberta Tassinari.
Quando: quinta-feira (25), às 18h30. Visitação até 28 de janeiro, de segunda a sexta, das 12 às 19h.
Onde: Fundação Cultural Badesc. Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis.
Quanto: entrada gratuita.
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*Espaço Multiartes "Olho Mágico"
-Espaço na Trindade, com cine-clube, exposições, oficinas, cursos de gravura, cinema, desenho, ilustração, serigrafia, pintura e fotografia!
-Mais informações aqui: http://www.wix.com/olhomagico/site
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*Poesias, de Raul Machado
Melancolia em Conta-Gotas

A chuva é
Uma gaveta de facas
Que transborda

Molha meus livros
Corta minha ficção
Umedece minha poesia
Impede-me de sair do meu esconderijo

Pinta-me de cinza
Para depois me descascar
Como laranja,
E é azeda

Chuá. Chuá. Chuá. Grita.

Quanto exagero!

Talvez seja apenas
Culpa da chuva
E suas facas.
O Sexo das Palavras

Tanta ética
Poética
E eu só queria
Tréplica
Urbanas Mobilidades Falantes Contemporâneas
(e títulos gigantes para esses tempos tão curtos e ligeiros)

I

Quantas pessoas!
Com botões nas mãos
E falando sozinhas

Ou fingindo
Ou criando tamagochis

Quantas pessoas
Que não se olham
Vendo gente que não gostam
Na internet

Quantas pessoas
Com as mãos nos ouvidos

II

Ouvido
Ouvi do...
Ouve ido?
Ouve ado?
Ouve indo?
Houve algo?

domingo, 21 de novembro de 2010

Aviso Arterizar / Poesias


*Em Breve:

-Produção do Zine Arterizar

-Organização de intervenções teatrais e pequenas peças

-Organização de uma exposição com material de Arte Postal que enviamos à outros coletivos brasileiros

*Se você quiser nos ajudar, tem alguma sugestão ou quer participar dos nossos projetos, contribuindo com o coletivo, entre em contato conosco através do nosso e-mail.

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*Poesias, de Raul Machado

SEM TÍTULO

Se Fobia
Fosse
Fábia

Fodia melhor.


SOBRE O ALÉM

Acostumado a sonhar
Cafunguei nuvens
Soprei passarinhos
E não quis voltar
Talvez com desgosto
Do tédio
Nos apartamentos médios
E algumas outras
Propagandas de margarina


METE NA META LINGUAGEM

Se viver
Fosse só alegria
Eu bocejava
E não fazia
Poesia

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Evento: O mal-estar da (na) Arte Contemporânea

*18 e 19/11 na UFSC

-Programação:

Dia 18/11:
09h-12h: Oficina de Arte Contemporânea Para os Seguranças da UFSC - prof. Aglair Bernardo
local: sala 402 CFM

12h: Performance Na Brasa de Pindorama - Betinho Chaves
local: RU
(advertimos que a performance contém cena de nudez)

14h-15h30: Mesa Redonda 1: Ousadia e Arte: Entre Tapas e Beijos
componentes: Maria de Lourdes Borges, Alckmar Luiz dos Santos e Yiftah Peled. mediação: Fabio Salvatti
local: Antiga Cantina do CCE

16h-17h30: Mesa Redonda 2: Um Corpo Obsceno e Mal Comportado
componentes: Clélia Mello, Roberto Freitas e Massimo Canevacci. mediação: Janaina Martins
local: Antiga Cantina do CCE

16h-18h: Performance As faces de Ofélia - Gabriela Fregoneis
local: sala 402 CFM

Dia 19/11:

09h-12h: Oficina Arte e cadeia: o que fazer em caso de detenção? - Prudente Mello
local: sala 402 CFM

14-15h30: Mesa Redonda 3: Arte e crime: zonas de tensão
componentes: Prudente Mello, Pedro Bennaton, Alejandro Ahmed, Aglair Bernardo. mediação Rodrigo Garcez
local: Antiga Cantina do CCE

16-18h: Bate papo sobre o processo criativo da Performance 5760 – Thaís Penteado e Ilze Körting
local: sala 402 CFM

realização:
PACT - Grupo de Estudos de Performance, Artes Cênicas e Tecnologia
LIAA - Laboratório de Interface entre Arte e Ativismo
TRËMA – Artes e Mestiçagens Poéticas
apoio:
DALi – SeCArte

sábado, 13 de novembro de 2010

FITO, ENBA, Raul Machado, Erik Voyager e muita Arte!

-FITO (Festival Internacional de Teatro de Objetos)
De 12 a 15/11
Campus UFSC Florianópolis
Informações e programação completa: http://www.fitofestival.com.br/home

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-ENBA (Instituto Escuela Nacional de Bellas Artes, Montevideo/Uruguay)
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*Conto, de Raul Machado.
A moça da gaita



Ela era moça tímida e retraída. Morava com a mãe e tinha poucas amigas. Era proibida de namorar e sair com garotos. Regra que ela sempre fez questão de seguir, em respeito à sua mãe sozinha, carente e extremamente ciumenta. Na escola ela sempre se sentava na primeira carteira, perto da professora e longe dos burburinhos que atrapalhavam a sua atenção. Nos intervalos ela era aquela garota que comprava seu lanche e voltava para a sala sozinha, comendo lentamente seu empanado de frango. Depois da escola, andava com seu passo curto e ligeiro direto para casa, almoçava com sua mãe e passava o resto do dia por lá.
Ela tinha a delicadeza de um vaso de porcelana chinesa cuidado por uma colecionadora antropóloga. Pele branquinha, magrinha, cabelo longo e escorrido, pé 36, rosto de anjo, bumbum bem redondo e empinado, peitinhos pequenos e salientes apontando para o céu e todos os dentes da boca no lugar certo. Já sua mãe era um pouco mais feia e já carrancuda por tantos tropeços na vida.
Nunca havia beijado a boca de um menino, nunca havia tocado um corpo que exala testosterona, nunca havia sentido mãos firmes segurando sua cintura ou sua nuca. Já havia se apaixonado, duas vezes, mas nunca falou com eles. Foram amores platônicos, que a fizeram escrever milhares de cartas românticas e músicas melosas na sua gaita, que a fizeram perder o ar e chorar ao lembrar-se deles antes de ir dormir, sozinha, na sua cama de solteira. Mas faltou-lhe coragem, nunca trocou olhares nem palavras com estes garotos.
Já havia sido abordada várias vezes por homens. Ela sempre fazia o sinal da cruz, fechava os olhos e ignorava as investidas. Segurava uma corrente com a Virgem Maria na ponta e saia andando com medo. Normalmente eram homens mais velhos, com olhares famintos, mas as vezes eram também garotos esquisitos do colégio.
Distante do amor, sua vida era focada em seus estudos, sua futura carreira profissional, sua mãe e seu prazeres na gaita e na escrita. Mas hoje ela está fazendo dezoito anos e tem um bolo na mesa da cozinha. Sua mãe, sentada esperando-a, abre-lhe um sorriso quando a vê chegar da escola.
-Parabéns minha filha!
-Obrigada. Vou para o quarto, mãe.
-Você está chateada? Alguém fez algum mal para você, minha filha?
-Mãe, hoje eu faço dezoito anos, minha festa de aniversário só tem você, e não tenho nada para fazer de divertido o resto do dia...
-Você não esperou eu te contar o seu presente...

A mãe se levanta, dá um forte abraço na filha, e lhe diz:

-Hoje eu estou te permitindo sair a noite! É seu presente minha filha. Você está crescendo!

A perna da moça treme, um calor repentino deixa sua face toda rosada e uma lágrima lhe escorre do olho esquerdo.
-Obrigada mãe. Você é tudo. Te amo.

O melhor vestido. O perfume caro emprestado da mãe. Sapato novo. Unhas pintadas. Maquiagem. Batom vermelho. A danceteria ia estar cheia hoje, ela tinha que estar impecável. Quando ela fechou a porta de casa, a mãe chorou. Ela partiu sozinha e imponente em direção à festa. Ela queria ser feliz. E beber um pouco também. Um bom vinho, quem sabe.
Foram três taças de vinho tinto barato. Ela se sentia poderosa. Lançava olhares como se fossem foguetes. Suas pernas flutuavam na pista. Suas mãos faziam teatro elegante. Ela caminhou dançando até o seu homem escolhido, apertou a mão dele, olhou nos olhos, olhou para a boca. Mas não beijou. Virou o rosto e saiu rindo. Ela estava no comando, pela primeira vez.
Antes das duas horas da madrugada ela estava de volta em casa. Dormindo feliz com seu dedo e seu clitóris.
No dia seguinte acorda perto do meio-dia, dá um beijo na testa da mãe enquanto ela prepara o almoço e vai para frente da casa. Escorando-se no portão, olhando o movimento da rua, pega sua gaita e começa a tocar. Com um fôlego surreal, sorrindo sem parar, ela toca, grita, canta, dança com o instrumento na boca, como se fosse um canudo da alegre loucura de viver. Com a outra mão, segura um lápis que rabisca o céu com um poema imaginário:

Hoje eu falo pela gaita
E se vocês não me entendem
Já não me importa mais
Pois os pássaros o fazem

E isto para mim basta
Estou, enfim, livre
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*"Meio poeta, meio mendigo / Assim sou meio qualquer coisa"
-Músicas, poemas e muito mais de Erik Voyager aqui: http://www.baresdaufsc.com/erick/index.html

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Movimento Menace

*Divulgando um projeto massa:

Movimento menace constitui-se em uma propósta muito simples, divulgar a arte underground de qualquer um que seja, sem nenhum tipo de censura moral ou restrições legais.Protestar, absorver, tentar entender e inalar. Sinta-se em casa para enviar fotos, desenhos, pinturas, textos, videos, poesia barata e qualquer outra coisa que quiser.

Blog do pessoal: http://menacemovimento.blogspot.com/ (tá nos links do Arterizar também).