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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Basquiat e Bukowski para vocês! E mais poesias de Raul Machado de brinde!

*"Flexible", 1984 - de Basquiat



*"Dinosauria, We", escrito e narrado por Charles Bukowski

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*Poemas, de Raul Machado

IN-VERSO DO PROZAC

Cápsulas de poesia
Jogadas em letras
Grudadas nas bulas
De velhos remédios
Para jovens neuróticos
De tanta televisão
E semáforos

Poesias sobre cápsulas
Em letras de um jogo
Burlando o grude
Do remédio de velhos
Neuróticos de tanta juventude
Que transam televisão
E farejam sêmen


O NARIZ É O CENTRO DO MUNDO

Tantos cheiros já se alocaram aqui dentro
Guardados como faíscas de suspiros
Nasce sol, beijo e arrepio
Do amor de cheiros
Cheios
Meios
Para mim
O resto para o inteiro

Pira
Ex
In
Res

O tesão
Que guarda a rosa vermelha
Em jardins
Espinhos
Na mesa
Do mês
Ou nas virilhas das meninas
Quero mais de três

São
É quem sabe o odor
Do chão
Que pisa
Sem pudor
São
Somos
Nós
Que respiramos
A chuva
E cheiramos
Sóis

Pois
Só o nariz
Sabe o que diz.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Moralismo barato, preconceito medieval e atentado à liberdade artística

Atriz perde guarda do filho por trabalhar no Teatro Oficina, acusado de ser um teatro pornográfico.

Em um indignado manifesto de duas páginas que circula pela internet, o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, pede atenção da sociedade para "a enorme injustiça que se está cometendo" com a diretora de vídeo Elaine César, de 42 anos. Ela perdeu a guarda do filho de três anos depois que o pai alegou na Justiça que o garoto foi exposto a cenas de sexo e nudez inadequadas para uma criança.

Referia-se ao espetáculo Dionisíacas, dirigido por Zé Celso, em que os atores aparecem nus e que Elaine acompanhou em uma turnê por sete capitais do Brasil. O processo corre em segredo de Justiça na 9.ª Vara de Família.

"Não estou suportando. Esse caso não é diferente do de Sakineh (Mohamadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento), no Irã, de Liu Xiaobo (ganhador do Nobel da Paz deste ano), na China, e de Julian Assange (do WikiLeaks), na Inglaterra", escreveu Zé Celso no manifesto. No momento, o menino está morando com o pai, o designer gráfico Rafael Gonçalves, de 39 anos, em Brasília. O diretor do Oficina acredita que "esse rapaz é um Oficinofóbico e está fazendo muito mal ao filho". "Outro dia, o menino perguntou a Elaine: "Mãe, por que você é louca?""

Ajuda. Em sua indignação, Zé Celso procurou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e pediu que ele tentasse intervir por meio de um amigo em comum do pai do garoto. Suplicy acha que "o Rafael precisa olhar para o caso sob uma perspectiva humanitária". Para o senador, que assistiu ao espetáculo, "seria importante que o pai do menino entendesse a liberdade artística que existe historicamente no Oficina". "Não se trata de pornografia. No dia em que eu estive no teatro, havia crianças na plateia."

Segundo Elaine, o material de um documentário que ela está fazendo sobre o Oficina foi confiscado em sua casa. "O pior é que a juíza que examinou as fotos e vídeos é conservadora. Há registros de um banho de chocolate que os atores tomam sem roupa no final de uma cena do banquete. É teatro. Eu entendo que, para quem não frequenta, choca."

Ela diz que o filho sempre a acompanhou e brincava com as outras crianças na coxia. "Meu Deus, todas as grandes atrizes levaram um dia seus filhos para o teatro!", argumenta.

*Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101222/not_imp656692,0.php
*Mais informações e íntegra da carta de José Celso Martínez Corrêa, diretor do Teatro Oficina: http://midiaindependente.org/pt/blue/2010/12/482797.shtml

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Obras versus Obras: Exposição e Passeio no CIC


*Por Raul Machado e Artério Arteiro (21/12/2010)

Nesta tarde ensolarada de terça-feira (e quente pra dedéu), as praias, as lojas e as ruas estavam lotadas. O CIC estava vazio. Mas o CIC não estava fechado? Sim, continua em obras, continua fechado, continua um absurdo. Porém, excepcionalmente, foram abertos setores do Centro Integrado de Cultura para receberem a exposição “Prêmio CNI SESI Marcatonio Vilaça de Artes Plásticas 2009/10”, e lá fomos nós dois darmos uma olhada.

Foi interessante entrar de novo naquele espaço. Deu saudades.

Vale a pena ir na exposição, que fica aberta à visitação até 30 de Janeiro de 2011. Ela traz obras de cinco diferentes artistas: Armando Queiroz, Eduardo Berliner, Henrique Oliveira, Rosana Ricalde e Yuri Firmeza.

As obras de cada artista são bem distintas e nos trazem um panorama interessante da arte brasileira. Tem coisas ótimas, instigantes, com sacadas inteligentes, críticas, em formatos legais ou esteticamente vibrantes. Há também coisas mais mornas, repetitivas, menos inovadoras, que pouco dizem, tanto conceitualmente quanto visualmente e que parecem apenas mais uma onda de nada nesse mar de tudo. Porém nós dois achamos que as primeiras, as instigantes, são maioria nesta exposição. Que bom! Mas que cada um ache o que bem quiser.

Raul pessoalmente gostou das obras literárias formando mundos, envolvendo Áfricas, criando novos mares e labirintos nas obras de Rosana Ricalde. Artério Arteiro preferiu as arcadas dentárias de garimpeiros banhadas em ouro e o homem de ouro engolindo insetos de Armando Queiroz. Muito massa também o atestado de óbito em branco, o caderno com anotações sobre ameaças de morte (sofridas por sem-terras, ribeirinhos, assentados, dirigentes sindicais, etc.), e uma sala que nos mostra a neura da vigilância, do medo da violência, da segregação, onde um muro cheio de arame farpado e com câmeras no alto se fecha em si mesmo em um quadrado, impossibilitando o público de enxergar o que há por trás dele.

Enfim. Viajando por entre as obras, Raul e Artério encontraram as marcas das obras no CIC, o que compôs outra exposição para nós. Por entre as obras dos artistas citados acima, haviam também placas de goteiras, pedaços de madeira de construção, salas que não levavam para lugar nenhum, cabos desconectados, vassouras sendo varridas por senhoras da limpeza, seguranças bocejando, parafusos sendo pregados, furadeiras furando paredes não para quadros serem pendurados, lâmpadas falhando. Obras e obras. Obras da obra do CIC por entre outras obras. Quais são as verdadeiras obras? Qual é a verdadeira exposição? Será que foi de propósito? Não sabemos, mas viajamos nessa exposição paralela de artesãos ao acaso que colocaram suas ferramentas ao lado de artistas reconhecidos pelo meio artístico como tais. Duchamp estaria orgulhoso dessa nossa viajada! E admitamos, aquela placa de goteira era muito mais legal do que alguns quadros por ali.

De qualquer maneira, obras ou obras, foi bom ver o CIC novamente provocando mais do que raiva na gente. E se hoje a tarde curtimos brincar de misturar obras e viajar, também já não sabemos mais quem foi Raul e quem foi Artério Arteiro nesse mergulho de sensações e letras.

Abraços cheios de verão!

*visitação da exposição:
-Até 30 de Janeiro de 2011, diariamente das 14h. às 20h. (com exceção dos dias 24,25,26 e 31/12/2010, e 01 e 02/01/2011)
*visitação das obras do CIC:
-Até quando porra?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tamô frito!

E não é do sol! Até por que o tempo está fechado, cinza, nebuloso.

Raimundo Colombo (DEMo) foi eleito governador de Santa Catarina.

É óbvio que nunca se esperou algo razoável deste cara. Na verdade nunca se espera algo razoável de governos. Mas tem coisas que são foda, já diriam vocês.

O Colombo (que não é o Cristovão) já está anunciando o seu futuro secretariado, e para a "digníssima" pasta de "Turismo, Cultura e Esporte", (que bela porcaria essa salada mista sem nexo que com certeza privilegia resorts chiques em locais proibidos) ele chamou o ilustre lustre sem luz chamado César Souza Júnior. O cara é aquele filho de apresentador, que virou apresentador, que virou deputado, que agora virou entendedor da cultura estadual.

Circo total. Programa de auditório cheio de palhaçada sem graça.

Poderá ainda haver esperança de algo menos pior na Fundação Catarinense de Cultura? Creio que pouca, pois independente de quem seja estará subordinado à estes senhores Colombo e Júnior, sem desmerecer e insultar a designação "senhores".

Mas vamos que vamos! Nós fazemos o nosso. E metemos o pau quando absurdos rolam por sob as nossas cabeças arteiras.

Beijos coloridos e até mais.
De Artério Arteiro, vosso artesão de risos e choros.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Zine Arterizar nas ruas! / E férias...

Olá arteiros. O Zine Arterizar #1 já está nas ruas! Aos poucos vamos tirando mais cópias e distribuindo por aí. Mais adiante publicaremos ele aqui no blog também! Mas fuçem aí. O papel ainda é mais charmoso do que essa jeringonça virtual. De qualquer forma continuaremos distribuindo esse primeiro zine no início do ano que vem (para aqueles que fogem do mundo no verão) e já bolando os próximos números.

Bom, e falando em verão chegando, pessoas dispersando e outras chegando. Neste período o Coletivo Arterizar pede algumas férias do blog. Isto não quer dizer que estaremos parados, mas com certeza o ritmo de publicação dá uma diminuida. Porém com certeza estaremos produzindo, brincando, criativando por alí e acolá. Em breve mais notícias!

Por agora, fiquem com um texto do poeta brasileiro Waly Salomão, que está grafado no nosso Zine Arterizar também. Até mais. Beijos com gosto de caipirinha.

Por Artério Arteiro, vosso artesão de risos e choros.

Experimentar o experimental (de Waly Salomão)

Experimentar o experimental,
A fala da favela.
O nódulo decisivo nunca deixou de ser o ânimo de plasmar uma linguagem, convite para uma viagem.
E agora, quer dizer, o que é que eu sou?
Meu nome é Wally Salomão, um nome árabe, Wally Dias Salomão.
Nasci numa pequena cidade da caatinga baiana, do sertão baiano.
Filho de pai árabe e uma sertaneja baiana…
“A memória é uma ilha de edição… a memória é uma ilha de edição…”
Nasci sobe um teto sossegado, meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado, agora, entre o meu ser e o ser alheio, a linha de fronteira se rompeu, a linha de fronteira se rompeu!
Câmara de Éter.
“Eu tenho um pé no chão, porque eu sou de virgem, mas a cabeça, eu gosto que avõe”
Incorporo a revolta, dança do intelecto e ação dionisíaca.
Obsessiva idéia de fundar uma nova ordem frente às categorias exauridas da arte e a indignação da rebeldia ética,a quase catatonia do quase cinema e o júbilo epifânico do Édem…
Samba, o dono do corpo.
Expressão musical das etnias negras ou mestiças no quadro da vida urbana brasileira.
É, vamos inventar: “era uma vez…”

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Palavras e Imagens


*Primeiro nasceu a imagem. A pintura em madeira de Natália Pelosi. Depois, inspirado pela imagem, nasceu a palavra. O poema em folha branca de Raul Machado.
SEM TÍTULO, Poema para pintura de Natália Pelosi

Ah se tu soubesses
Que teu mistério

Sem eira nem beira
De olhos seiOs
E meus

Que brinca de fez-não-fez
Entre curvas sem sinalizações
E a timidez

Que flutua
Por entre contrastes
Que deslocam feições

Fez perder-me
Em calçadas
De sentimentos
E pegadas escondidas
Na frente de portões
Feitos de memória

Ah se tu soubesses, menina,
Que esse teu mistério
É assassino
De meu tédio.