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*Blog Raul Machado: http://raulmachado.blogspot.com/


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Avisos e Divulgações

[ Avisos Arterizar ]

*Reunião do Coletivo
: Sexta-feira, 12:30h. na lanchonete do CED/UFSC.
-Pauta: organizar últimos detalhes da nossa participação na próxima Semana de Ciências Sociais da UFSC (em breve mais detalhes da programação completa da semana e da nossa atividade).

*Participe do "Mini-Concurso de Poesias" organizado pelo nosso Coletivo Arterizar: Mande suas poesias, juntamente com seu endereço e nome, para nosso e-mail [ coletivoarterizar@yahoo.com.br ]. A temática é livre e o prazo para enviar seu trabalho é 10 de Maio.
-Premiação: publicação da poesia ganhadora aqui no blog e no nosso Zine Arterizar, e também um exemplar do livro de poesias "Alegre Vômito", de Raul Machado.

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[ Divulgações ]

--Ministério da Cultura abre consulta pública sobre mudanças na Lei de Direito Autoral. Participe e tenha mais informações aqui: http://www.cultura.gov.br/site/2011/04/20/ultima-fase-da-revisao-da-lda/

--Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus e por um transporte público gratuito e de qualidade em Florianópolis: Quinta-feira (28/04), 17h. no TICEN.

-Profissionais do magistério na luta pela educação. Pela implementação em Santa Catarina da lei federal que regulamenta o piso salarial nacional dos profissionais da educação, entre outras lutas. Mais informações aqui: http://pisoja.libertar.org/?page_id=2

--Evento de Intervenção Artística "Cow Parade Santa Catarina". Considerada a maior exposição artística ao ar livre do mundo, já foi realizada em mais de 60 cidades ao redor do planeta. E agora é a vez de Santa Catarina. Para participar ou mais informações, aqui: http://www.labbo.com.br/downloads/CowParade-Santa-Catarina-2011_inscricao.pdf

--Programa "Triálogo dos Bermudas", na Rádio Tarrafa FM-Livre: Hoje (e todas as quartas), das 16:15 às 18:00 em http://radiotarrafa.libertar.org/ ou em 104.7 Fm na bacia do itacorubi/Floripa.


sábado, 23 de abril de 2011

Concurso Arterizar de Poesias, obra de Eli Heil e artigo de Jayro Schmidt

[de Eli Heil, artista catarinense]: http://www.eliheil.org.br

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[Artigo]: Gullar, crítico de vanguarda ou de retaguarda?

de Jayro Schmidt, catarinense, artista visual e escritor.

Ferreira Gullar, poeta e crítico de arte, ao longo do tempo tem provocado controvérsias. Uma delas foi a motivada pelo rompimento com o Concretismo, quando fundou o Neoconcretismo, em 1959, com a participação não de poetas, mas de artistas plásticos: Hélio Oiticica, Lygia Clark, Ligia Pape, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Aloísio Carvão e Décio Vieira. A dissidência foi documentada em manifesto, do qual cito o núcleo programático: “O Neoconcreto, nascido de uma necessidade de exprimir a complexa realidade do homem moderno dentro da linguagem estrutural da nova plástica, nega a validez de atitudes cientificistas e positivistas em arte, e repõe o problema da expressão incorporando as novas dimensões verbais, criadas pela arte não-figurativa construtiva”. A reposição é recorrência à “sensibilidade da ausência do objeto” no Suprematismo e aos contra-relevos de Tatlin, “precursores do não-objeto Neoconcreto dos anos 1960”.

O rompimento de Gullar foi amplamente questionado, com a última palavra de quem viveu a experimentação concreta e transformou-a em processo cultural: Paulo Leminski. A declaração do curitibano foi impiedosa: “o preço de olhar para trás / é virar ferreira gullar”. De qualquer modo, o que Gullar refutou está em seu depoimento publicado pelo Museu/Arquivo da Poesia Manuscrita e Universidade Estadual de Ponta Grossa, Corpo a corpo com a linguagem. A ruptura se deu em função do descrédito no poema poético o tempo todo. E Gullar nunca deixou de reconhecer o poema como crítica de sua elaboração, não importa a forma que possa ter. As fórmulas que faziam do poema “um produto publicitário” é o que recusou para estar descondicionado no ato poético, longe de questões teóricas. “Aliás, um traço que me caracteriza é que, no momento de escrever o poema, fico, por assim dizer, limpo de conhecimentos, entregue a minha perplexidade, ao meu espanto, que é o fator precipitador do poema”. Gullar acrescenta que a língua é prosaica e poética. A língua é e não é poética porque não “existem elementos poéticos por si mesmos, como não existem palavras por si mesmas”. O Concretismo, conclui, “foi a falsa compreensão desse fenômeno”.

As diferenças incontornáveis entre concretos e neoconcretos têm outras variantes, mas ambos os movimentos estavam vinculados à idéia de vanguarda, definida por Leminski como “contemporaneidade absoluta”.

Quase tudo o que Gullar escreveu sobre esta época total, relativo às artes plásticas, encontra-se em Sobre arte, sobre poesia. O livro é composto de artigos que convergem para a crítica contra a arte conceitual, aproximando o autor de uma constatação de Clement Greenberg em Estética doméstica: “Você se sente muito sozinho diante da arte contemporânea”.

No primeiro texto do livro, “A arte e o novo”, com prudência Gullar adverte que a sua “posição crítica em face de determinadas manifestações da arte contemporânea” pode parecer contrária às experiências novas. A advertência procede com o esclarecimento que faz sobre a renovação estética – presente em todos os períodos da arte, não sendo propriedade exclusiva das vanguardas. O novo, porém, tornou-se o principal alvo em função das fontes da modernidade, caracterizada pelo incessante avançar com reações artísticas e técnicas. E as vanguardas acabaram sendo vistas como perniciosas, sobretudo o Dadaísmo. Quando foram construtivas, a crítica de Gullar é favorável, quando desconstrutivas, o seu juízo se ressente. Ao reportar-se a Marcel Duchamp, repete o que outros críticos obtusos afirmaram anteriormente. Gullar: “A linha duchampiana – ou arte conceitual – é, a meu ver, uma tendência agonizante, que se mantém graças a fatores alheios à verdadeira criação artística”. Nada mais discrepante do que isso. Duchamp vitalizou a liberdade das linguagens, sem a qual a inventividade retrai-se e os artistas estacionam em uma redoma revisionária. Se a arte fosse religião, seria plausível a verdade artística. A arte não é verdadeira ou falsa, é bem realizada ou não, ainda mais quando é exame de si mesma, aproximando-se da ciência e da filosofia, daí os questionamentos de sua natureza. O conceitual, além de se apropriar de novos meios, fez com que os tradicionais – pintura, escultura etc – fossem expandidos, forçando a crítica a reavaliar pontos de vistas e encontrar outros, estes a partir das decisões pensadas pelos artistas. A arte conceitual, por outro lado, é antecipação do objeto artístico, mas isso não impede a manifestação de outras esferas da expressão, como a intuição e a percepção. Mesmo assim, todos os conceitualismos foram e são acusados de impessoais, o que é apenas o aspecto aparente do problema. A arte, ao lidar com idéias, e comprometendo-se com a atividade filosófica, não descarta a subjetividade, sendo, muitas vezes, solipsismo. Se tudo ficou mais complexo, como também é suposto, é bom salientar que o conceitual faz coincidir a vida do artista e o ambiente em que ele vive.

Apesar de considerar que a arte conceitual desconhece a capacidade criadora (preconceito ou ingenuidade?), Gullar admite que é “descabido negá-la como um fato cultural da época”. O seu problema crítico é que tem insistido em contornar e contestar os repetidores ou os imitadores, inevitáveis com a aceleração dos coeficientes artísticos desde o início do século 20. Gullar, não restam dúvidas, se sentiu muito sozinho diante de Duchamp. É que o artista francês desconstruiu a tradição estética da representação, tornando-a inofensiva, extemporânea. Assim como Gullar, por isso vários críticos apressaram-se em afirmar que Duchamp encontrava-se em um impasse, quando era a arte sem idéias – confinada no retiniano – que assim encontrava-se. Ao trabalhar com a energia e não com a estética, como Apollinaire constatou, Duchamp desestabilizou práticas e teorias conhecidas até então. Duchamp tinha um interesse acentuado pelo o que as coisas são, mas sua disponibilidade cognitiva estava mais empenhada no que as coisas fazem com determinadas relações entre si. Depois de obras que dinamizaram o Cubismo, culminando com “Nu descendo uma escada”, ele impulsionou a arte ao futuro. E Duchamp foi mais longe nas correspondências entre emissão e recepção da arte. Em “O ato criativo”, texto de sua autoria, ele colocou os pólos da criação: o artista e o espectador. O artista não realiza sozinho o ato criativo, ficando para o espectador a co-autoria com a vivência dos atributos da obra. Para que isso ocorra, o que chama de “osmose estética”, Duchamp atribui ao artista a transferência do processo criativo, advertindo que o que diz “não é aprovado por muitos artistas, que recusam o papel mediúnico e insistem na participação da consciência no ato criativo; contudo, a história da arte tem identificado com coerência as virtudes de uma obra artística por meio de considerações completamente divorciadas das explicações racionalizadas dos artistas”.

A maior parte da crítica não está preparada para admitir essa idéia que questiona, e supera, os discursos da arrogância. Veja-se Gullar espelhado no que chama de democratização da arte, segundo ele o desaparecimento do artista. Não sendo mais necessárias as técnicas e as linguagens, “qualquer um pode se intitular criador de arte”. Um sofisma que a própria história mostra o contrário: a arte sobrevive graças a uma cadeia de informações que prepara o terreno para a abordagem do desconhecido. E o que vai sendo conhecido implica outros meios de expressão, transformados, com o tempo, em técnicas normativas. As normatizações é que têm sido superadas na arte contemporânea. São reações inventivas, cujas mudanças de formas estão interligadas com as mudanças de contextos. A arte contemporânea é o incessante embate com as convenções, sejam as provocadas pelo modernismo ou pela própria idéia de contemporaneidade. Os processos artísticos, em conseqüência, são acelerados de uma tal maneira que artistas e público precisam adaptar-se a situações que ampliam os horizontes da arte através do questionamento de suas possibilidades. Quanto mais há amplitude, mais se abre o abismo entre o que está formado e o que está em formação. Duchamp, ao deslocar os objetos de suas funções, elevou-os à categoria de arte. Mas as coisas não foram tão simples assim. Esse gesto, desinteressado em todos os sentidos, não pretendeu ser arte do ponto de vista da tradição. E como tudo acaba tornando-se convenção, o gesto duchampiano foi visto como contra a arte, desestabilizando toda uma época. Somente com a consolidação histórica das vanguardas é que o fazer de Duchamp foi reconhecido como uma passagem da elaboração para a estratégia, coisa que dura até hoje com as versões do conceitualismo. A elaboração, por si mesma, implica em técnica que, por sua normatização, é retroativa, enquanto a estratégia poderá ou não chegar a ser técnica.

Com esses argumentos concluo que Gullar não resolve as contradições entre o seu processo poético, descondicionado no ato da escrita, e a exigência técnica para a elaboração da arte. Ele, nesse aspecto, faz uma leitura da contemporaneidade com ferramentas tradicionais, de retaguarda. Os criadores mesmo, para Gullar, são os artistas da simbolização, ou seja: a arte do ilusório visual por meio da representação. Gullar, porém, reconhece que houve uma inovação substancial quando esse espaço evocativo, simbolizante, foi superado por Lygia Clark e Hélio Oiticica.

fonte: http://www.sibila.com.br

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[Mini-Concurso de Poesia Arterizar]

O Coletivo Arterizar promove um mini-concurso de poesia aqui no blog. Basta você mandar seu trabalho junto com seu endereço (para entrega do prêmio) no e-mail [ coletivoarterizar@yahoo.com.br ]

-temática: livre

-Data limite: 10 de Maio de 2011

-Prêmio: Publicação da poesia no blog do coletivo, no Zine Arterizar e uma edição do livro de poesias "Alegre Vômito", de Raul Machado.





quinta-feira, 14 de abril de 2011

Poesias, Avisos e Divulgações


[ de Raul Machado ]


Era Técnica


Off-line da cabeça
Desco-nexo
Uma memória gigantesca
Fora da tomada

Feminista


Se
Ser humano
É masculino

Sereia

Hai-Kai é Parangolé


Aumenta o tom,
Zé!

Diz que é tropical.

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[ Avisos e Divulgações ]

-Em breve divulgaremos a atividade do Arterizar na Semaninha de Ciências Sociais da UFSC, que acontecerá no início de Maio.

-Novo Conselho Estadual de Cultura será nomeado até amanhã, sexta-feira. Mais informações serão postadas logo.

-Ciclo de cinema francês em Sto. Antônio de Lisboa, aqui: http://www.paradigmacinearte.com.br/

-A tarifa de ônibus de Floripa aumentará novamente. Manifestações sendo organizadas. Informações aqui: http://www.fltcfloripa.libertar.org/

-Rádio Tarrafa 104,7 FM-Livre na bacia do Itacorubi/Floripa a todo vapor. Em breve divulgação de programas aqui no blog. Ouçam a rádio em qualquer parte do mundo por aqui: http://radiotarrafa.libertar.org/

-Reunião Coletivo Arterizar: Sexta-Feira (15/04), 12h:30min na lanchonete do CED/UFSC.

terça-feira, 12 de abril de 2011




Por dentro
Lamber-te a boca, a língua larga em textura pelos teus lábios. Entrar. Lamber-te os dentes lindos, lamber teu sorriso de criança, incisivo, canino, molar. Lamber-te a gengiva. O interior dos teus lábios. Beber-te a saliva. Lamber teu céu da boca e por fim, pra começar, lamber-te a língua.

Sua textura, musculatura, empurrando a minha pra fora da tua boca num convite de invasão. Provocação infantil. Efetiva. Puxar tua carne pra dentro de mim. Tanta carne e saliva que posso sufocar. Quero sufocar. Os olhos abertos nos teus olhos desfocados. Sorriso no sorriso. O beijo.

Saliva caindo nas nossas pernas nuas cruzadas umas sobre as outras, entre as outras. Suor.
Sua mão no meu pescoço. Suor.
Minha palma na tua cara. Suor.
Outras mãos entrelaçadas. Calor.

Tuas veias saltadas, lindas, tua cor azul escuro correndo pelo braço. Teus músculos, tensionados, torneando tua perna, tua cintura, teu pescoço, tuas costas. Tornozelo esculpido espetando minha panturrilha. Seu pé, calcanhar redondo acarinhado na minha mão.

Seu colo em mim.

Seu maxilar, sua mordida. Dedos invadindo a minha boca, molhados retornando à sua, cara de sapeca.

Olhos nos olhos. Concentrados, desejosos e sem solidão.



* Desenho de Natália Pelosi e texto de Rodrigo Manne