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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Novas Poesias 2010

*De Raul Machado.


Olho Gordo



Quanta ironia
Naquele que teme
Os mil olhos
Enquanto come
Sozinho em um grande restaurante

E fica de pau duro
Com sua fantasia
De ser espiado
Pelo tal vizinho
Enquanto mete na sua amante

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Uma Melancolia


Quando estou sem
Companhia feminina
O tempo não passa
Encho-me de mel com cachaça
E qualquer outra sina

E assim, bucólico admito,
Fico meio que
[Mel]alcoólico

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Verbômito


O verbo quis passar
E quando passou
Ficou passado

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Praia da Solidão


Um momento
Na solidão só minha
Cercado de olhos, ondas e ostras
Transformo-me em grão de areia
Esquecida no tempo
Engolida pelo mar
Flutuando em outra dimensão qualquer

Rumando à linha do horizonte
E do infinito
Triste, sigo
Para o Longe
E o que vier.

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Aula de Biologia Humana


Colorido
Cromo
Somos

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Homem do Mar


Ilhado
E tão livre
Salgado
E tão doce
Não vivo sem o timbre
Que vem lá do mar
Que me trouxe
Os sonhos
Pra me alimentar

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Mares


O vento aqui
É molhado
De poesia

-Vem! To ondulado!
Canta a maresia

E de mares eu ia
Dormia

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Poesia de Banheiro I


Cansado de ler no banheiro
Sobre economia
Ou o tal famoso mal-amado?
Sobre o que você já sabia
Ou o pobre assassinado?
Mude sem receio
Isto alivia!
Pare de ler a composição da pasta de dente
E aquela propaganda que te mente
Faça poesia!

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Poesia de Banheiro II


Sentei no trono do Rei
E fiz o que reis fazem muito bem
Caguei

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Capa de [Revista Policial]



Tanta gente
Com nojo de gente

Bisbilhotando
A curva
Da veia na perna turva

Botando língua pra fora
Negando
O c[r]ú do ser humano nu

Mas depois de tanto plástico
Ácido
Quero algo mais real
E não o tal
Iogurte “ideal” automático

Quero
Goz[t]ar

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