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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Divulgação de Colóquio / Conto Literário

*Divulgação:

-V Colóquio Poéticas do Urbano: Coletivos de Arte no Brasil

-Data: 08 e 09 de setembro (quarta e quinta)

-Local: Sala do Mestrado - Bloco Artes Visuais - Centro de Artes - UDESC

Programação:

Dia 08 – Quarta-feira:

Abertura
14:30 horas
Célia Antonacci (UDESC)
Coletivos de Arte no Brasil: Políticas e Poéticas em Trânsito

15:30 horas
André Mesquita (USP)
Fragmentos coletivos: táticas para uma cultura de oposição

16:30 horas - Intervalo

17:00 horas
Yara Guasque (UDESC)
Ciberestuario manguezais

18:00 horas
Apresentação do curta-metragem “Vidas e Vendas na Rua” (2008)
Grupo de Pesquisa “Poéticas do Urbano”

18:30 horas
Mário Ramiro (USP)
Intervenção Urbana/Intervenção na Mídia

19:30 horas - Debate


Dia 09 - Quinta-feira:

9:00 horas
Franciely Dossin (UDESC)
Uma frente contra o racismo: Coletivo Frente 3 de Fevereiro

9:45 horas
Elisa Dassoler (UDESC)
Coletivo "Arte na Periferia": a territorialização da arte na periferia sul de São Paulo

10:30 horas
Pedro Teixeira (UDESC)
Tags/pixos/graffiti em rede

11:15 horas
Andrea Gnego (UDESC)
Análise do material gráfico de alguns coletivos

14:00 horas
Aracéli Cecilia Nichele (UDESC)
O que está dentro fica X o que está fora se expande
Apresentação de dissertação (PPGAV)
Banca:
Dra. Célia Antonacci (UDESC) - orientadora
Dr. Mário Ramiro (USP)
Dra. Sandra Makowiecky (UDESC)
..........
V Colóquio Poéticas do Urbano
'Coletivos de Arte no Brasil: Políticas e Poéticas em Trânsito'


O Grupo de Pesquisa 'Poéticas do Urbano' realizará em setembro de 2010, nos dias 8 e 9, no CEART/UDESC, o 'V Colóquio Poéticas do Urbano', neste ano com a temática dos coletivos de arte no Brasil. Sob o título 'Coletivos: Políticas e Poéticas em Trânsito', o colóquio pretende trazer à discussão os desdobramentos políticos dos anos 1960 aos dias de hoje e suas manifestações e/ou contestações no campo das artes. O colóquio objetiva apresentar as pesquisas de quatro mestrandos em Artes Visuais de PPGAV do CEART/UDESC, que se inserem nessa temática, e palestras de professores pesquisadores dessa área.

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*Conto, de Raul Machado.

Outros Tempos


-O que são aquelas caixas?
- São da Rússia.
-Não foi isso que perguntei.
-O que você perguntou?
-O que tem dentro destas caixas.
-Vodka.

Empilhadas no canto da cozinha, entre a geladeira e a porta do quarto de despensa, estavam quatro caixas de papelão recheadas de vodka. O problema é que estavam lá a mais de três semanas eu acho.

-E por que estão ali?
-Por que não achei outro lugar melhor para deixá-las.
-De novo, não foi isso que perguntei.
-Conte-me então.
-Por que elas estão ali a três semanas, eu acho?
-Não quero beber agora.
-E vai beber quando?
-Não sou astróloga.

Em um dia frio de inverno que ela não estava em casa eu resolvi fuçar aquelas coisas. Realmente eram da Rússia, e realmente era vodka. Todas as garrafas estavam perfeitamente fechadas, com exceção de duas, vazias. A pilantra já tinha bebido e nem me contou. Deu-me vontade de tomar todas! Abri uma, só uma.

Vento batendo árvores contra janelas lá fora. Um copo e uma garrafa de vodka aqui dentro, sob a mesa de madeira da sala. Vodka russa! Madeira de reflorestamento, não que isto importe. Tomei aquela garrafa inteira.

Completamente bêbado consegui ligar para ela, depois de três tentativas frustradas de apertar os números certos no telefone.

-E aí!
-E aí o que?
-Tomei aquela vodka de merda!
-O que?
-A tua vodka de caixa de papelão dentro das Rússias. Tomei uma garrafa daquele troço. Aquele entre três semanas de geladeira e a dispensa pela porta. Tomei uma garrafa inteira. Puta que o pariu. To com fome aqui, tudo girando nessa merda. Vô lá fazer um sanduba. Tchau. Tchau. Tchumbaaaa! Ta... Fui. Tchau.

E desliguei.

Não sei quanto tempo se passou. Ela chegou furiosa em casa. Havia comida por todos os lados. O fogão ligado. Eu empanturrado de pão com queijo. Noite lá fora. E eu sem minhas calças.

-Mas que merda você fez hein!? Filho da puta! Olha a cagada que tu fez nessa cozinha. Uma garrafa inteira? Desgraçado, vagabundo, bebum! Toma vergonha nessa tua cara!
-Hein? Tomei. Tomei uma. To com azia.
-Se fode imbecil! Fogão ligado ainda, puta que o pariu. Quer se matar idiota?
-Não. Não. Tomei uma só.
-O caralho! Tem três garrafas vazias nessa porra!
-Hã? Você...
-Só bebendo pra te agüentar filho de uma égua.

Vi as mãozinhas dela abrindo outra garrafa. E nada mais.

Dormi e não lembro o que sonhei.

Acordo com o cheiro de café. Ela linda, assoviando feliz, fazendo um sanduíche frio, com aquela calcinha delicadamente dividindo o bumbum dela no meio. Que belo dia, imaginei!

-Por que não faz um misto quente pra gente?
-O gás acabou.
-O que? Comprei anteontem...
-Pois é, deve ta vazando. Vou reclamar com o zelador.
-Boa.

Sentei-me à mesa e fiquei olhando pras coxas delas. Que fome! Que sede. Que dor de cabeça! Olhei pra despensa. Olhei pra geladeira. Olhei entre uma e outra. Estranho.

-O que são aquelas caixas?
-São da Rússia.
-Não foi isso que perguntei.

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