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domingo, 30 de janeiro de 2011

Escritos de Vagner Boni

e lá pelas dez e trinta e quatro da manhã da quinta-feira ninguém me encontrava. estava eu no arquivo-morto. com outros papéis.

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*Fragmento de texto

[das viagens, sozinhas e acompanhadas]
[...] hoje sentindo seu cabelo roçar minha coxa deixou meu pau mais duro ainda [...] é, calor infernal. [...] subir é descer, é ir ao sub… as profundezas de hades. [...] me ignoras? ‘tô nem ai pra ti. passo sem te morder, enquanto guardas este canto de olho assim quase saindo… fui. [...] é, tu ai e eu aqui, duas portas. estava eu tão perto que meu cheiro envolveu tuas narinas. [...] espirrei direto. talvez seja aquele vento úmido durante a tarde toda direto na tua cara. é, pode ser. e como é barulhento tudo. mas a moça de branco falava e nós dois só a viamos no movimento dos lábios. é. não ouvi nada. só olhei. [...] chega, cansei. boa aula. [...] e você nem está lendo a revista. [...] é, meu chapa. grave os trejeitos e as falas com fita magnética… e pode enrolar tudo depois que o rolo todo mundo vê. [...] eu não entendi nada. nem eu. [...] sirene apitou aqui. ora de voltar à aula. [...] e as anotações feitas? esqueci. então suspende porra!

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Ouça


será que os que acordam cedo
flutuam no tecido sonoro
dos pássaros da manhã?
ou embriagam-se no ruído
deste vai e vem de autos

que não respeitam o raiar.

e é preciso desligar o piloto automático
mergulhar em todos os cantos possíveis
estes impossíveis
pulsar alucinadamente em todo o passo
sentir o tom de cada pássaro...

ouve ó… ô poema ó
ele há de estar por cá e aí
ouve, é ruído.
ouve, é canto.
ouve, é tu.

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Tumulto

E entre o tumulto – o olhar indaga… Poesia, em que vão te enfiastes? Te tornas-te pó? És poeira pelos cantos? E este perambular pelas ruas; pelos cômodos da casa confusa – habitando sofás, cadeiras, camas, esperas…
Poesia, cadê? Aonde te encontras? Onde estás, e estamos e estão as coisas concretas, as líricas, os modernos. Sê gente, só. Sê objeto comum. Sê tempo. Sê morte e espera. Sê acúmulo e esvaziamento. Sê. Esvai.
E sê contido, sê etéreo. Sê à toa. Ordinário. Acabado, porque é tudo um nunca acabar.

Neste ato - ato mudo gemido mudo olho mudo voz muda ânsia muda. Desnuda e fala... Sê entre e por todo este vazamento tumulto.

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