Compre aqui o livro 'vísceras'

Conecte-se:


*Blog Raul Machado: http://raulmachado.blogspot.com/


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Divulgação, Aviso e Texto-Fragmento

[ Divulgação ]

Na próxima terça-feira, dia primeiro de março, será lançado o catálogo da Casa, de Lucila Vilela, exposição realizada em outubro de 2010, em Florianópolis. O catálogo, que será distribuído gratuitamente, organizado pelo crítico Victor da Rosa e pela própria artista, conta com quatro textos maiores e com uma série de anotações sobre os cômodos da Casa escrita por diversas pessoas que visitaram a exposição. A concepção visual da publicação foi realizada pelo artista Zé Lacerda e todas as fotografias são da autoria de Cristiano Prim. O lançamento será no Café Cultura do Centro, em Florianópolis, a partir das 18h.

Textos: Victor da Rosa, Fernando Boppré, Fifo Lima, Modesta Di Paola
Anotações: Marcelo Schroeder, Vera Torres, Christiano Scheiner, Sandra Meyer, Ida Mara Freira, e Artur de Vargas Giorgi.

SERVIÇO:
O quê: Lançamento do catálogo CASA – expo de Lucila Vilela
Quando: terça-feira, 01 de março
Horário: das18h às 21h
Onde: Café Cultura, Praça XV de novembro, 352
Quanto: o catálogo será distribuído gratuitamente


Mais informações: (48) 8447-9368 Lucila Vilela
(48) 9918-7626 Victor da Rosa

APRESENTAÇÃO:

A CASA: MODO DE USAR

O esforço que empreendemos na organização deste catálogo, afinal de contas, é um esforço paradoxal: como será possível fixar uma exposição que aposta sobretudo na instabilidade? Diante do paradoxo, então, além de uma lista com as principais informações, buscamos oferecer também uma idéia – ainda que parcial e rarefeita – de como foi a vida na Casa durante os dias em que permaneceu aberta, em outubro de 2010.
O catálogo conta com alguns textos críticos, refletindo a exposição segundo diferentes abordagens, e com uma série de pequenos depoimentos que sugerem apreensões mais rápidas e fugidias; as fotos, por sua vez, retratam os vídeos e as performances, mas também a presença do público e mesmo as pequenas situações que não podem se repetir; ainda, foi criada uma seção justamente para dar notícia sobre algumas intervenções (previstas e imprevistas) realizadas por outras pessoas que passaram a fazer parte da exposição; enfim, uma receita da sopa de abóbora pode fazer o leitor imaginar que nem tudo na Casa era arte. Esperamos que este catálogo seja, portanto, além de um documento de cultura, também um meio de experiência.
*
Sendo a Casa uma experiência essencialmente coletiva, fazemos questão de agradecer a todos aqueles que contribuíram tanto para a realização da exposição – antes, durante e depois de sua abertura – quanto para a finalização deste catálogo. A realização do projeto Casa foi possível graças ao Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, lançado pela Fundação Catarinense de Cultura, em 2009.

Lucila Vilela e Victor da Rosa
Florianópolis, 25 de janeiro de 2011

------------------/----------------------------------------

[ Aviso Arterizar ]

O Coletivo Arterizar ainda está de férias, ou ao menos a passos lentos, produzindo apenas aqui no blog. Mas isso dura até o carnaval! Depois da festança voltaremos à ativa com mais Zine e Jornal Arterizar, com uma exposição sobre Arte-Postal e muito mais!

Artério Arteiro

-----------------/---------------------------------------

[ Escrito, de Vagner Boni ]

um texto-fragmento cru

porque o amor é isto: um pão. vinhas tu de um casamento e irias embora porque não eras dali enquanto eu tinha hora marcada e queria futuro e como chegastes levantei-me e desci da lotação sem saber qual teu nome e como carregava eu apenas e sempre apenas alguns fragmentos e tantos e sempre tantos delírios sobre este vasto mundo e ali na tua mão em linha por linha havia expresso o que a cabeça não consegue pensar quando há um entrecruzar de sentimentos e de pernas e de olhos e a devastadora necessidade de fugirmos se isto fosse possível ah então nem haveriam os novos reencontros e os cotidianos desencontros deste peito que arde assim em carne viva mulher por saber que não há como saber aquilo que apenas sentimos se este é o sentido do caminho que nos fez cruzar tantas vezes de tantas formas e sempre diferentemente buscavas tu o oriente nesta minha desorientação estranhamente familiar nas nossas suas mãos e nossos seus olhos e nossa sua mala e neste corpo cru e salgado por lágrimas de outros e outras e estranhos éramos então dois velhos amigos ou ex-futuros amantes no movimento do pensamento que te encaixou no meu quadril e te enroscou entre as pernas grossas sentindo e sorvendo esse gosto que teus lábios tem e que gozam enquanto dou e dava o posso dar deste meu de despedida porque de mim ainda somente vaza um jorro de adeus amargo e cruel como a morte e ali diante de mim pagou o tíquete e rolou a catraca com grande dificuldade pelo excesso de bagagem que trazia junto consigo fato que levou o cobrador desta vida a ajudar-te e inadvertidamente esbocei qualquer coisa similar a um gesto que interrompeu-se no ar posto que já não fora preciso mas tu mulher notou aquilo que não buscava atenção porque sou assim repleto de gestos involuntários tiques de cortesia destas coisas culturais como este gosto de ler um verbo próprio de uma certa e sempre incerta distância nisto tudo que me diz que não há como não ser e ser no tempo que tudo transforma e permanece como quando na última vez que passaste horas beijando sob o portão até raiar eu não devorava ninguém e já estava envolto na tua pele negra justaposta à minha dando-me ar que gostaria de encontrar mais vezes de domínio e de sedução que só é possível para os apaixonados que se vão e se esvaem pelos peitos ardentes e eu não queria e ela ali me pedia um pouco mais de alguém que já não havia quando acompanhamo-nos pela casa num rito de partida imersos em certa paz que continha morte e vida eram assim nossos diálogo e um tumulto em nossos corpos vivos e quase mortos e entendia-me e aceitava sangrando-me querendo-me mais como te recordas quando ficamos horas sobre o cais ao balanço do mar e em nossos olhos refletiam-se delírios enquanto o mundo evaporava o mar confundindo-se estrelas e a noite negra na pupila no dia em que não sossegou seus olhares até sentar-se junto a mim e mergulhar no livro que estava em minhas mãos que logo de canto de olho identifiquei que era algo sobre a educação e arte o teu enquanto devora eu adorno ouvi tua voz buscar o que aguçava o desejo que era mais ou menos assim como quem não aguentaria viajar mais sem perguntar como podias ler assim e fomos bons amigos trocando tatilmente impressões líquidas que embebedavam-me altamente eu lembro ou lembro pouco brincavamos provocativamente nos tocando e apalpando-nos e tu tão branca estavas de vestido provocativamente em negativo aumentando a fome destes lábios que lançados sobre os meus num piscar de olhos me amou nas trinta horas depois num quarto deliciosamente nus sobre a cama tão nossa devorados e famintos sem saber como é dificil gostar de ti tão silenciosamente ou como é dificil não gostar de ti sempre tendo eu um olhar no limite das coisas reais e vasto nas coisas da imaginação e as palavras sovadas crescem comemos aquilo que tu entregavas aos meus olhos e traíamos alguém sempre como outras trairiam outros enroscadas neste corpo que é apenas uma cicatriz que mata e liberta em cada estocada que dá experimentando o sal a saliva o sangue o suor e a saudade. e assim te amei mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário