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terça-feira, 14 de junho de 2011

Poesias e Conto, Avisos/Divulgações


[ Poesias e Conto, de Raul Machado ]

A Cura

Compulsão. Compulsão. Compulsão.

Vício. Vício. Vício. Vício. Vício.

SaudadesAbstinênciaTesãoAnsiedade.


O Olho do Céu

Concentrado em coisas pequenas

Pormenores menores

Virtuais conluios

E papéis mudos

Que enchem as mesas

Viro-me e flagro:

A lua me espia pela janela do quarto.


Pessoal

Essa é a história de Guadalupe. Uma mulher de trinta anos, casacos marrons, cabelo enrolado, cheiro de cigarro, alcoólatra e apaixonada. Sua paixão não é correspondida, nem através de correspondências. Guadalupe sempre chora antes de dormir e quase engasga com o uísque que ela teima em passar garganta abaixo.

Seus sonhos são sempre eróticos. Sexo. De tanto não fazer aqui, ela se farta de fazer lá. Sempre com o seu homem não correspondente. E às vezes com outras mulheres, mas só quando ela bebe demais.

Morar sozinha é bom para Guadalupe. Ela pode deixar as cinzas do cigarro caírem no tapete da sala. Pena que a janela do quarto está virada para o quarto de outra janela. Ela fecha a cortina e se esconde. E se masturba. Com a garrafa de rum.

Geme.

O vizinho sempre bate com a vassoura no teto dele, que é o chão dela, quando Guadalupe se põe a dançar no meio do vento da madrugada. Culpa do gim, ela grita. Culpa de mim. E para. Da culpa faz desculpa. Não que a culpa não permaneça lá. Mas ela vai dormir para poder transar, enquanto seu vizinho transa para conseguir dormir. Ele, lá embaixo, muito distraído, não consegue manter a ereção se lá em cima o calcanhar de Guadalupe teima em bater na lajota. Tunts. Tunts.

Aliás, o nome dele é Bonaparte. Boa parte por ser francês, outra por sua mãe ser uma chata.

Mas essa história é de Guadalupe. E sua falta de perspectiva. Mesmo usando seus óculos vintage. Ela não sabe desenhar, por isso nunca mandou desenhos para o homem que tanto deseja e sente falta. Senão desenharia e talvez mandasse. Mas ela escreve. E escreveu um livro inteiro regado a vinho. Uma ode ao amor. Mesmo platônico. Mesmo sem ler Platão. Cento e vinte e três páginas dedicadas ao amor. Não à Platão ou à qualquer outro grego. Aliás, sua paixão é latina.

Ela passou perfume. Na carta e no livro. E no envelope. E entregou-o à mulher dos correios, que espirrou.

Após três meses, uma correspondência. Seria do seu amor não correspondido? Teria ele respondido?

Não.

Era uma editora querendo publicar o impublicável.

Guadalupe rasgou sua história, juntou os pedaços e os colocou numa lata vazia no meio do chão da sala. Álcool. Na lata e na cabeça. Fogo. Que aqueceu Guadalupe naquela noite que chorava a solidão.

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[ Avisos e Divulgações do Arterizar ]


-Duo de Cordas: Com Caio Marques (violão), Francielly Beckert (violino) e participação especial de Zecaipira. No programa: Piazzolla, Villa-Lobos, Bach, etc. Onde: Santuário Nossa Sra. da Conceição, Lagoa. Quando: 29/06 às 20h e 02/07 às 19:30. Entrada Gratuita.

-Concurso Arterizar de Desenhos: Envie seu desenho para nosso email ( coletivoarterizar@yahoo.com.br ) em preto e branco, até 03/07. O vencedor terá seu trabalho publicado aqui no blog e no Zine Arterizar #5, com uma receita de lambe-lambe atrás pra galera colar seu desenho pela cidade!

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