Compre aqui o livro 'vísceras'

Conecte-se:


*Blog Raul Machado: http://raulmachado.blogspot.com/


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Moralismo barato, preconceito medieval e atentado à liberdade artística

Atriz perde guarda do filho por trabalhar no Teatro Oficina, acusado de ser um teatro pornográfico.

Em um indignado manifesto de duas páginas que circula pela internet, o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, pede atenção da sociedade para "a enorme injustiça que se está cometendo" com a diretora de vídeo Elaine César, de 42 anos. Ela perdeu a guarda do filho de três anos depois que o pai alegou na Justiça que o garoto foi exposto a cenas de sexo e nudez inadequadas para uma criança.

Referia-se ao espetáculo Dionisíacas, dirigido por Zé Celso, em que os atores aparecem nus e que Elaine acompanhou em uma turnê por sete capitais do Brasil. O processo corre em segredo de Justiça na 9.ª Vara de Família.

"Não estou suportando. Esse caso não é diferente do de Sakineh (Mohamadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento), no Irã, de Liu Xiaobo (ganhador do Nobel da Paz deste ano), na China, e de Julian Assange (do WikiLeaks), na Inglaterra", escreveu Zé Celso no manifesto. No momento, o menino está morando com o pai, o designer gráfico Rafael Gonçalves, de 39 anos, em Brasília. O diretor do Oficina acredita que "esse rapaz é um Oficinofóbico e está fazendo muito mal ao filho". "Outro dia, o menino perguntou a Elaine: "Mãe, por que você é louca?""

Ajuda. Em sua indignação, Zé Celso procurou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e pediu que ele tentasse intervir por meio de um amigo em comum do pai do garoto. Suplicy acha que "o Rafael precisa olhar para o caso sob uma perspectiva humanitária". Para o senador, que assistiu ao espetáculo, "seria importante que o pai do menino entendesse a liberdade artística que existe historicamente no Oficina". "Não se trata de pornografia. No dia em que eu estive no teatro, havia crianças na plateia."

Segundo Elaine, o material de um documentário que ela está fazendo sobre o Oficina foi confiscado em sua casa. "O pior é que a juíza que examinou as fotos e vídeos é conservadora. Há registros de um banho de chocolate que os atores tomam sem roupa no final de uma cena do banquete. É teatro. Eu entendo que, para quem não frequenta, choca."

Ela diz que o filho sempre a acompanhou e brincava com as outras crianças na coxia. "Meu Deus, todas as grandes atrizes levaram um dia seus filhos para o teatro!", argumenta.

*Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101222/not_imp656692,0.php
*Mais informações e íntegra da carta de José Celso Martínez Corrêa, diretor do Teatro Oficina: http://midiaindependente.org/pt/blue/2010/12/482797.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário