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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Obras versus Obras: Exposição e Passeio no CIC


*Por Raul Machado e Artério Arteiro (21/12/2010)

Nesta tarde ensolarada de terça-feira (e quente pra dedéu), as praias, as lojas e as ruas estavam lotadas. O CIC estava vazio. Mas o CIC não estava fechado? Sim, continua em obras, continua fechado, continua um absurdo. Porém, excepcionalmente, foram abertos setores do Centro Integrado de Cultura para receberem a exposição “Prêmio CNI SESI Marcatonio Vilaça de Artes Plásticas 2009/10”, e lá fomos nós dois darmos uma olhada.

Foi interessante entrar de novo naquele espaço. Deu saudades.

Vale a pena ir na exposição, que fica aberta à visitação até 30 de Janeiro de 2011. Ela traz obras de cinco diferentes artistas: Armando Queiroz, Eduardo Berliner, Henrique Oliveira, Rosana Ricalde e Yuri Firmeza.

As obras de cada artista são bem distintas e nos trazem um panorama interessante da arte brasileira. Tem coisas ótimas, instigantes, com sacadas inteligentes, críticas, em formatos legais ou esteticamente vibrantes. Há também coisas mais mornas, repetitivas, menos inovadoras, que pouco dizem, tanto conceitualmente quanto visualmente e que parecem apenas mais uma onda de nada nesse mar de tudo. Porém nós dois achamos que as primeiras, as instigantes, são maioria nesta exposição. Que bom! Mas que cada um ache o que bem quiser.

Raul pessoalmente gostou das obras literárias formando mundos, envolvendo Áfricas, criando novos mares e labirintos nas obras de Rosana Ricalde. Artério Arteiro preferiu as arcadas dentárias de garimpeiros banhadas em ouro e o homem de ouro engolindo insetos de Armando Queiroz. Muito massa também o atestado de óbito em branco, o caderno com anotações sobre ameaças de morte (sofridas por sem-terras, ribeirinhos, assentados, dirigentes sindicais, etc.), e uma sala que nos mostra a neura da vigilância, do medo da violência, da segregação, onde um muro cheio de arame farpado e com câmeras no alto se fecha em si mesmo em um quadrado, impossibilitando o público de enxergar o que há por trás dele.

Enfim. Viajando por entre as obras, Raul e Artério encontraram as marcas das obras no CIC, o que compôs outra exposição para nós. Por entre as obras dos artistas citados acima, haviam também placas de goteiras, pedaços de madeira de construção, salas que não levavam para lugar nenhum, cabos desconectados, vassouras sendo varridas por senhoras da limpeza, seguranças bocejando, parafusos sendo pregados, furadeiras furando paredes não para quadros serem pendurados, lâmpadas falhando. Obras e obras. Obras da obra do CIC por entre outras obras. Quais são as verdadeiras obras? Qual é a verdadeira exposição? Será que foi de propósito? Não sabemos, mas viajamos nessa exposição paralela de artesãos ao acaso que colocaram suas ferramentas ao lado de artistas reconhecidos pelo meio artístico como tais. Duchamp estaria orgulhoso dessa nossa viajada! E admitamos, aquela placa de goteira era muito mais legal do que alguns quadros por ali.

De qualquer maneira, obras ou obras, foi bom ver o CIC novamente provocando mais do que raiva na gente. E se hoje a tarde curtimos brincar de misturar obras e viajar, também já não sabemos mais quem foi Raul e quem foi Artério Arteiro nesse mergulho de sensações e letras.

Abraços cheios de verão!

*visitação da exposição:
-Até 30 de Janeiro de 2011, diariamente das 14h. às 20h. (com exceção dos dias 24,25,26 e 31/12/2010, e 01 e 02/01/2011)
*visitação das obras do CIC:
-Até quando porra?

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